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Laurinda Virgilina dos Santos |
Laurinda Virgilina dos Santos, popularmente conhecida como Laurinda, tem 63 anos de idade, sendo natural da Fazenda Gravatá, município de Caém- Bahia, tendo como pais- José Francisco dos Santos e Anita Virgilina dos Santos; a mãe é natural da mesma região que já citei e o pai de Filadélfia, cidade próxima a Senhor do Bonfim. O pai da entrevista teve três famílias incluindo a mãe dela com a qual teve quatro (04) filhos, sendo que ela foi criada por uma das madrastras já que sua mãe morreu bem jovem sendo ela ainda uma criança ainda de colo; os outros irmãos filhos de outras mães totalizam segundo a mesma uns quinze (15) irmãos. A senhora Laurinda é casada e teve sete (07) filhos, dos quais, sobreviveram somente dois: Edvaldo V. dos Santos que ainda mora com ela e seu esposo e Noelson V. dos Santos que mora na capital do estado, Salvador há uns 15 anos. A entrevistada é devota de Santo Antonio para o qual construiu uma capela com ajuda de visinhos e amigos, sendo a mesma construída próximo de sua casa; católica, sempre gostou e esteve à frente do reisado de sua localidade por acreditar que onde se canta reis não se passa por longos períodos de estiagem, fome, sendo abençoados os cantadores com paz e saúde. Apesar de não praticar nenhuma religião de matriz africana, afirma não ter nada contra, desde que faça o bem às pessoas como rezar, ensinar um chá etc, ela diz ter um irmão praticante da mesma religião.
A entrevistada estudou somente até a 1ª série do ensino fundamental, segundo ela, por que o pai não permitia que fosse a escola para não aprender a fazer carta para os namorados. Além do trabalho na lavoura, que sempre praticou como meio de subsistência a principal atividade desenvolvida por ela é a arte de fazer cestos entre outros objetos feitos com o cipó e taboca como bolsas, colares, argolas etc.
Enquanto liderança na sua comunidade, o primeiro trabalho foi à realização do terno de Reis que a mesma esteve à frente durante mais de vinte anos (20), só abandonado há uns cinco anos atrás, por conta de usar o marca-passo, já que a mesma tem problemas cardíacos e por isso não pode fazer grandes esforços para cantar. Nessa atividade ela sempre esteve à frente, desde a confecção das vestimentas, até a organização dos ensaios, datas e locais de apresentações. Na realização dessa tarefa sempre contou com o apoio da igreja na pessoa do Padre José e principalmente da comunidade que sempre acompanhou suas apresentações nunca deixando a mesma sozinha. A outra atividade de liderança desempenhada pela entrevistada e que tem um grande reconhecimento do povoado onde vive é a organização das cesteiras de sua comunidade em uma associação, a mesma conta que desde menina aprendeu com a mãe a arte de fazer cestas usando o cipó, quando jovem, saia de sua comunidade para fazer cestas com amigas em outras localidades vizinhas e na cidade de Caem a qual sua comunidade pertence, com o dinheiro que ganhava com sua arte comprava objetos pessoais. A valorização da produção por parte da comunidade era muito pequena e ela saia vendendo pelas feiras da região seus objetos que naquela época era principalmente o cesto. Como apoio do SEBRAE participou de cursos de capacitação e associacionismo com outras mulheres de sua região. A associação foi fundada, por ela e vizinhas, porém, segundo a mesma está quase acabando, ela afirma está cansada e não vê nas colegas mais jovens o interesse em manter a associação de pé, segundo ela, o individualismo tem feito com que as atividades da associação sejam cada vez menores. Nos primeiros anos segundo ela, motivadas pelos cursos promovidos pelo SEBRAE o interesse das mulheres cesteiras era maior e a comunidade apoiava comprando os objetos fabricados, a Secretária de Educação Municipal realizou encomendas de objetos, no entanto a remuneração era pequena quando vão dividir os lucros da associação, o que ela acredita ser o principal fator de desmotivação das companheiras que tem a arte como meio de sobrevivência. A entrevistada afirma que vê nos objetos que hoje elas são capazes de fabricar a amostra da capacidade que possuem de criar e fazer coisas tão belas, com o cipó e a taboca, já que antes da associação elas só faziam cestos e hoje elas são capazes de fazer várias coisas, tipo bolsas de vários modelos, acessórios, baús. Em relação ao futuro afirma que seu desejo é o de vê a associação que ela tanto lutou para que existisse continuar e crescer, como ela tem visto outras associações formadas no município, porém não tem grandes expectativas.